Ferramentas de Acessibilidade para Surdos
Há mais de 9,7 milhões de deficientes auditivos no país, e apesar de avanços ao longo dos anos, eles ainda enfrentam barreiras de acessibilidade. A falta de intérpretes é um desses desafios, bem como também a falta de interesse de muitos ouvintes em aprender Libras. Diante disso, essa fração da população encontra dificuldades para convivência social, já não bastassem os obstáculos cotidianos de comunicação.
Seria necessário em canal de saber para intermédio da comunicação. Para traduzir a língua do outro, o que foi dito ou escrito por outra pessoa, em língua diferente. Papel que já é desempenhado pelo Intérprete, mas vem sendo atribuído às ferramentas digitais.
O Intérprete
O Intérprete é um indivíduo bilíngue, isto é, com conhecimento em uma língua oral e em Libras. É um profissional de inclusão, pois atua na ponte mediadora entre a comunidade ouvinte e a comunidade surda.
Sua importância é essencial. Imaginemos um surdo em sala de aula, e o mesmo sem o direito à ponte entre o professor, o conteúdo e o aluno?
A Língua Brasileira de Sinais é a segunda língua oficial no Brasil, desta maneira, é um direito do surdo utilizá-la durante seu processo de aprendizado. Portanto, o intérprete tem um papel fundamental no acesso e inclusão da comunidade surda a qualquer âmbito, especialmente o educacional.
O intérprete desempenha então um papel inestimável, pois lida com a comunicação, parte essencial do processo de ensino-aprendizagem.
As Ferramentas Digitais
Desde a virada do século, início dos 2000, tem-se falado em era digital, e já quase duas décadas depois já não conseguimos até mesmo imaginar como seria a vida sem a tecnologia. A internet hoje está em todos os cantos. Está no trabalho, escola, restaurante. Ela facilita, localiza, informa, educa. Mas o que acontece com quem não tem acesso à internet ou aos comuns aparelhos tecnológicos do dia-a-dia?
Assim como um cadeirante tem dificuldades de ir ao segundo andar, e necessita de um elevador, um surdo, que tem como primeira língua a Libras (Língua Brasileira de Sinais), tem dificuldades de compreender o que está escrito em um texto e/ou entender um vídeo que não tenha tradução em libras. Para tal é necessário do indivíduo ouvinte a total consciência ética disso.
A empatia, a vontade de querer levar mensagem a todos, a interação. Foram esses alguns princípios que levaram à criação de ferramentas digitais de acessibilidade. Ferramentas estas que despertam interesse na comunidade surda, e contribui em quebrar a barreira de comunicação entre surdos e ouvintes. Ludwig, ProDeaf e Hand Talk são algumas dessas ferramentas.
O aplicativo Ludwig
O aplicativo Ludwig, que tem esse nome em homenagem ao compositor alemão Ludwig van Beethoven, disponível para iOS, e lançado em 2015, tem a intenção de ajudar pessoas surdas a experimentar a sensação de ouvir uma música.
A ferramenta (aplicativo) conta com uma espécie de piano e uma pulseira conectada ao pulso do usuário – esse dispositivo tem uma vibração para cada toque feito na tela.
O programa conta com uma biblioteca de músicas. Após escolher uma, o usuário pode ir seguindo as notas, como o jogo ‘Guitar Hero’. As guias têm cores distintas, e ajudam a educar o usuário o ritmo das canções tocadas.
ProDeaf
Criado por um estudante de Minas Gerais em 2010, o aplicativo ProDeaf, disponível em várias plataformas digitais, assume o papel de intérprete de Português e Libras, através de um avatar.
O app consiste em uma ferramenta portátil digital, capaz de registrar o sinal em libras através da câmera, e convertê-los instantaneamente em áudio. Para responder, basta que o ouvinte fale com o aplicativo, que irá então representa-lo, via avatar no display.
Essa tecnologia é ideal para facilitar a comunicação em grupo. Motivo pelo qual levou o desenvolvedor a cria-lo.
Hand Talk
Quase com a mesma ideia que o ProDeaf, o Hand Talk é um tradutor automático desenvolvido para facilitar a vida dos deficientes auditivos. O app traduz do Português para Libras. Desenvolvida em Alagoas, a proposta na época de seu lançamento, em 2013, foi considerada tão inovadora que ganhou vários prêmios, incluindo um da ONU, chamado World Summit Award Mobile, que reconhece aplicativos de relevância para a humanidade.
O diferencial desse aplicativo é ele reconhecer até três tipos de informação, texto, som e imagem, e traduzir seu conteúdo para a Língua de Sinais por meio da ajuda de um carismático personagem chamado Hugo. Assim, quando um surdo encontra uma placa com um aviso, pode utilizar o app para o Hugo traduzir para Libras. Ou quando receber um SMS, basta pedir ajuda para o Hugo traduzir.
Fruto do trabalho de três jovens empreendedores, a ferramenta não só é disponível para smartphones, como também para sites, onde é adicionado um botão de acessibilidade, que ao ser clicado, permite ao usuário selecionar texto ou imagem e a tradução é feita instantaneamente para Libras pelo personagem Hugo, que aparece sobreposto na tela.
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