28 de mar. de 2017

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Alunos surdos são prejudicados sem tradutor para libras no IFRS

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Instituto Federal do Rio Grande do Sul, campus Porto Alegre | Foto: Divulgação
Seis alunos com deficiência auditiva estão matriculados este ano no campus Porto Alegre do Instituto Federal do Rio Grande do Sul. No entanto, não estão conseguindo acompanhar as aulas da mesma forma que os demais. O motivo: não há tradutores para libras vinculados ao campus atualmente. A situação é reconhecida pela direção da instituição, que cobra do Ministério do Planejamento a liberação de vagas para poder contratar profissionais da área.

Diretora de Desenvolvimento Institucional, Márcia Moraes afirma que o campus Porto Alegre contava até o ano passado com uma intérprete de libras em seu quadro de funcionários, mas que ela pediu transferência para outro campus, sendo atendida. Segundo ela, o problema é que esta vaga não foi preenchida.


Marcelo Schmitt, diretor-geral do campus Porto Alegre, explica que o IFRS conta atualmente com seis alunos e uma professora deficientes auditivos e que, pela legislação, precisaria contar com 13 intérpretes, uma vez que os alunos são de turmas e cursos diferentes e que os tradutores de libras, por lei, podem trabalhar no máximo entre 20 e 30 minutos seguidos, precisando fazer intervalos, o que exige que haja profissionais suficientes para revezamento. No entanto, reconhece que a contratação de 13 pessoas estaria fora da realidade.

A dificuldade para contratar um só, porém, se explicaria, segundo Marcelo, pelo fato de que precisa ser autorizada pelo Ministério do Planejamento, o que já teria sido solicitado, mas o processo está parado. Ele também afirma que a Advocacia Geral da União desautoriza os institutos federais a contratarem intérpretes vinculados a empresas terceirizadas, apenas profissionais permanentes ou técnicos temporários, o que precisaria também de liberação do Planejamento. “Nós temos as mãos amarradas. Não podemos fazer uma contratação passando por cima de um parecer da AGU, sob pena de incorrer em crime de improbidade administrativa”, diz.
 

Segundo Marcelo, alguns dos seis alunos não estão comparecendo às aulas porque não conseguem acompanhá-las, mas outros estão tentando seguir o ano letivo, ainda que de forma precária – não sabe precisar quantos seriam. Ele explica que uma das alternativas encontradas por professores seria falar em um microfone e utilizar um programa de computador que mostra o conteúdo da fala na tela do aluno com deficiência auditiva. “Os professores estão buscando soluções, mas são soluções fracas, porque os surdos têm uma alfabetização diferente. A língua nativa deles é a linguagem dos sinais”, pondera o diretor.
 

Já a professora deficiente auditiva, que dá aula de libras, estaria trabalhando com o ensino da língua na prática – como professores de inglês que falam apenas em inglês – e deixando a parte teórica sobre o ensino desta linguagem para quando o instituto tiver contratado tradutor.
 

Marcelo diz que a reitoria do IFRS, sediada em Bento Gonçalves, já acionou o MEC para buscar a liberação de ao menos uma vaga junto ao Planejamento, mas não obteve resposta. Ele também afirmou que, nesta semana, o deputado federal Carlos Gomes (PRB) esteve no campus e se comprometeu a ajudar com a questão, mas também ainda sem retorno.


Texto: Luis Eduardo Gomes
Fonte: Sul21

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